INÊS DOS SANTOS COSTA
Secretária de Estado do Ambiente do XXII Governo Constitucional
O futuro é distante e muitas vezes invisível. Essa é igualmente uma das caraterísticas intrinsecamente associada aos serviços ambientais, que são apenas visíveis aos mais atentos, e muitas vezes subvalorizados pela sociedade.
Estes serviços são, no entanto, fundamentais para assegurar o futuro, necessariamente diferente do passado, mais sustentável, abordado numa lógica de economia circular e do aproveitamento e manutenção dos recursos em constante utilização.
Muitos dos desafios que hoje enfrentamos – dos mais globais, como as alterações climáticas, aos mais locais, como o saneamento ou a gestão de resíduos – surgem porque por vezes é dada prioridade à internalização de benefícios económicos e sociais de curto prazo, enquanto os custos ambientais, na maioria, são externalizados para a sociedade no médio a longo prazo. As “contas certas” têm de ser feitas e refletidas nos custos ambientais, sob pena de criarmos desequilíbrios intergeracionais em que os nossos filhos e netos pagam os verdadeiros custos dos nossos desvarios ambientais.
Os serviços de gestão de resíduos urbanos tiveram um desenvolvimento significativo nas últimas duas décadas: a recolha de resíduos foi modernizada e é agora mais abrangente e cuidada; ao nível do tratamento, foram feitos avultados investimentos com vista a assegurar o cumprimento das diretivas comunitárias; após anos de sensibilização e de uma maior consciência ambiental das novas gerações, a própria sociedade evoluiu, estando agora mais predisposta a uma mudança de comportamentos e para adotar práticas mais sustentáveis. Muito foi feito, mas cabe-nos reescrever o futuro assegurando que a gestão dos serviços é cada vez mais eficiente e capacitada para aproveitar essa predisposição. A recolha separada das várias frações de resíduos é uma peça chave para assegurar mais e melhor reciclagem e um aproveitamento com maior qualidade dos materiais. É, por isso, necessário preparar os técnicos e decisores políticos ao nível municipal para esta importante mudança de paradigma na gestão de resíduos urbanos. O programa ProResíduos, financiado pelo Fundo Ambiental, tem esse propósito, abordando os aspetos técnicos, jurídicos, económicos e sociais da gestão de resíduos e promovendo um fórum de partilha das melhores práticas que garante as melhores soluções locais para cada um dos problemas. O Ambiente conta com os decisores locais na mobilização dos meios e, sobretudo, das populações para este importante desígnio. Para garantir a sustentabilidade teremos de saber crescer em bem-estar social, valorização do território e economia, mas sempre dentro dos limites que o sistema natural nos impõe. Fazê-lo é garantir competitividade e prosperidade futuras e não temos muitas oportunidades para o conseguir